segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Olhem só que bela sugestão!

(como faltaram postagens nos últimos dias, trago este texto que li e arquivei durante a faculdade. No entanto, desculpem-me, está sem autoria mas já-já eu coloco o crédito, pois, perdi).

Eis aqui um programa de cinco anos para resolver o problema da falta de autoconfiança do brasileiro na sua capacidade gramatical e ortográfica. Em vez de melhorar o ensino, vamos facilitar as coisas, afinal, o português é difícil demais mesmo. Para não assustar os poucos que sabem escrever, nem deixar mais confusos os que ainda tentam acertar, faremos tudo de forma gradual. No primeiro ano, o "Ç" vai substituir o "S" e o "C" sibilantes, e o "Z" o "S" suave. Peçoas que açeçam a internet com freqüênçia vão adorar, prinçipalmente os adoleçentes. O "C" duro e o "QU" em que o "U" não é pronunçiado çerão trokados pelo "K", já ke o çom é ekivalente. Iço deve akabar kom a konfuzão, e os teklados de komputador terão uma tekla a menos, olha çó ke koiza prátika e ekonômika. Haverá um aumento do entuziasmo por parte do públiko no çegundo ano, kuando o problemátiko "H" mudo e todos os acentos, inkluzive o til, seraum eliminados. O "CH" çera çimplifikado para "X" e o "LH" pra "LI" ke da no mesmo e e mais façil. Iço fara kom ke palavras como "onra" fikem 20% mais kurtas e akabara kom o problema de çaber komo çe eskreve xuxu, xa e xatiçe. Da mesma forma, o "G" ço çera uzado kuando o çom for komo em "gordo", e çem o "U" porke naum çera preçizo, ja ke kuando o çom for igual ao de "G" em "tigela", uza-çe o "J" pra façilitar ainda mais a vida da jente. No terçeiro ano, a açeitaçaum publika da nova ortografia devera atinjir o estajio em ke mudanças mais komplikadas serão poçiveis. O governo vai enkorajar a remoçaum de letras dobradas que alem de desneçeçarias çempre foraum um problema terivel para as peçoas, que akabam fikando kom teror de soletrar. Alem diço, todos konkordaum ke os çinais de pontuaçaum komo virgulas dois pontos aspas e traveçaum tambem çaum difíçeis de uzar e preçizam kair e olia falando çerio já vaum tarde. No kuarto ano todas as peçoas já çeraum reçeptivas a koizas komo a eliminaçaum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a unificaçaum do U nas palavra toda ke termina kom L como fuziu xakau ou kriminau ja ke afinau a jente fala tudo iguau e açim fika mais faciu. Os karioka talvez naum gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de eskrever xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar pra akabar com o D nos jerundio mas ai tambem ja e eskuliambaçaum. No kinto ano akaba a ipokrizia de çe kolokar R no finau dakelas palavra no infinitivo ja ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no meio das palavra ke ningem pronunçia komo por exemplo roba toca e enjenhero e de uzar O ou E em palavra ke todo mundo pronunçia como U ou I, i ai im vez di çi iskreve pur ezemplu kem ker falar kom ele vamu iskreve kem ke fala kum eli ki e muito milio çertu ? os çinau di interogaçaum i di isklamaçaum kontinuam pra jente çabe kuandu algem ta fazendu uma pergunta ou ta isclamandu ou gritandu kom a jenti e o pontu pra jenti sabe kuandu a fraze akabo. Naum vai te mais problema ningem vai te mais eça barera pra çua açençaum çoçiau e çegurança pçikolojika todu mundu vai iskreve sempri çertu i çi intende muitu melio i di forma mais façiu e finaumenti todu mundu no Braziu vai çabe iskreve direitu ate us jornalista us publiçitario us blogeru us adivogado us iskrito i ate us pulitiko i u prezidenti olia ço ki maravilia.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

SACI-PERERÊ PARA A COPA DE 2014

A mídia já está repleta de discussão sobre o Saci-Pererê ser o mascote da Copa do Mundo de Futebol em 2014. NÃO VEJO MELHOR OPÇÃO! Mas alguns comentaristas de futebol não apoiam a idéia pelo fato de o Saci não ter uma perna (leiam o texto do Flávio Paiva), dizem ser até ridículo. Ora, ridículo é inventarem monstrinhos tipo-japonês com nomes esdrúxulos como foi o mascote do PAN. É como se diz por aí: 'Eles' têm cultura, nós temos folclore; 'eles' têm arte, nós temos artesanato.

Sensacional este texto do Flávio Paiva. Flávio, com sua licença...

Flávio Paiva: o Saci e a perna invisível


Há tempos que eu vinha procurando algo que me ajudasse a compreender a ausência de uma das pernas do Saci Pererê. A versão mais próxima da minha aceitação era a de que ele teria sido um menino escravo que preferira perder uma das pernas a ficar por ela preso ao cativeiro. Ainda com base na parte da contribuição da cultura afro-negreira à formação do personagem, cheguei a atribuir essa amputação imaginária a uma derivação do Osaín, entidade iorubá, cuja representação lhe falta um olho, um braço e também uma perna.
Quando me pronunciei favorável à proposta da Sosaci — Sociedade dos Observadores de Saci —, de uso da figura do mais nacional dos mitos populares brasileiros para mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a ser realizada no Brasil, os leitores me questionaram quanto a adequação de um personagem que não tem uma perna ser símbolo do futebol. Defendi que o Saci tem as duas pernas, sim, só que uma delas é invisível. Argumentei que todo craque que se preza tem uma perna invisível, que é a perna encantada com a qual desnorteia o adversário na hora do drible.

A justificativa teve uma boa receptividade, mas eu não fiquei satisfeito; queria encontrar mais elementos para compreender melhor o que chamei de perna invisível da cultura. O meu entendimento tinha estendido a metáfora da perna invisível do drible também para o passo do frevo, o lance da capoeira e a outros significantes relacionados a jeitos e trejeitos de lutar, dançar, jogar futebol, enfim, da aplicação de uma magia cultural que me parecia mais profunda.

Outro dia fiz uma reflexão sobre a migração da rabeca, desde o seu uso na antiga pérsia até seu emprego pelas novas bandas da música plural brasileira. Observei seu deslocamento pelo mundo árabe e sua influência no desenvolvimento dos instrumentos de cordas friccionadas com arco, que passaram a ser a base mais freqüente da música sinfônica do mundo ocidental. Mesmo sobrepujada pelo violino, seu derivado mais famoso, ela vem transitando pelo tempo e espaço com sua sonoridade rude e ardente. Cheguei à conclusão de que este é um bom exemplo de rastro da perna invisível da cultura.

Embora um pouco mais confortável eu não me conformava de não saber como se dá essa invisibilidade. Até que descobri a história de um médico inglês que sofreu um acidente numa montanha da Noruega e, após passar por uma complexa cirurgia, constata o desaparecimento psiconeurológico da perna esquerda dentro do gesso. O relato de Oliver Sacks, no livro Com uma Perna Só (Companhia das Letras, 2003), me levou a pensar que, assim como a neurociência encontra razões para esse tipo de alienação, deve existir uma neurocultura capaz de explicar os casos de simbolização do sumiço como o da perna do Saci.

O fenômeno da perna invisível da cultura estaria, assim, relacionado à essência das coisas e não à sua forma ou função. Senti que pelas páginas iniciais do livro do doutor Sacks eu me daria a chance de chegar a alguma analogia satisfatória. O autor estava sozinho na hora do acidente que danificou sua perna. A necessidade de sobrevivência o fez descer à montanha em desajeitados movimentos “astuciosos” que o organismo, o sistema nervoso, sacou do seu repertório reserva. Se estivesse sendo observado de longe, poderia parecer um saci em redemoinho de neve.

Na dinâmica cultural o feixe neural do imaginário também guarda seus recursos impensados para salvar em equações não-lineares a essência em situações de estresse. Quando a economia da massificação dá a entender que o que existe resume-se ao que ela tem para vender, ela está desnervando o músculo das manifestações artísticas e culturais que estão fora dos seus catálogos. Nessas situações, a sociedade, mesmo entorpecida pela inibição do tráfego neural, se ampara nas individualidades e no que elas têm em comum de memória, identidade pessoal e senso de pertencimento.

No período em que esteve com a perna alheada Oliver Sacks conta que ela parecia um objeto ridículo sem nenhuma relação com ele e quando fechava os olhos não tinha qualquer sensação que indicasse onde a perna estava. Não é o que parece acontecer com o Saci. O moleque tem sinestesia, o senso de movimento também conhecido como propriocepção, impulsos inconscientes e reflexivos que resultam do fato de o corpo conhecer a si mesmo.

A diferença do caso de Sacks para o do Saci é que para o primeiro, a perna estava objetivamente lá, enquanto para o segundo ela desapareceu de modo subjetivo. O fato relevante na esfera neuropsicológica foi que Sacks perdera a imagem interna, a representação da sua própria perna. Na neurologia cultural do Saci, a obliteração da representação da perna não está em um distúrbio qualquer de seu ego corporal, mas em um signo arbitrado pelo feixe neurocultural da brasilidade. Assim, não há como colocar racionalmente uma perna no Saci; desenhá-la do jeito que for. Ela precisa ser percebida na riqueza da sua invisibilidade.

A neurologia cultural, nessa minha formulação, seria a trama dos códigos, das linguagens e das expressões artísticas, na dinâmica social que se reinventa a todo instante, a despeito de ser ou não reconhecida, classificada e manipulada pelos sistemas dominantes. Independentemente das nossas deficiências perceptivas, ela movimenta a perna invisível da cultura em suas andanças clandestinas pelo território das representações culturais, produzindo assimetrias nos processos metatextuais que regem o cotidiano.

O que diferencia a neurocultura da neuropsicologia e até mesmo da “neurologia do self”, do indivíduo, do “eu” vivo, que tem experiências, como defende Oliver Sacks, é que em nenhum momento a perna invisível significa uma morte funcional. A perna do Saci desapareceu, mas não levou com ela o seu lugar. O sumiço na cultura pode ser uma imagem que deixa rastros das coisas não reveladas. E isso lhe dá sentido e existência, não para nos levar ao passado, mas para nos conduzir ao futuro em seu redemoinho simbólico. Por isso o Saci é um mito contemporâneo e transformador.

Esses pensamentos de dissolução e recriação, diante de uma suposta irrealidade material, me levam a deduzir que a perna invisível da cultura, tão bem expressada na figura do Saci, torna-se ininteligível porque toda a nossa competência interpretativa está voltada para a forma. No caso vivido por Sacks, quem diz se há ou não uma perna é a certeza do corpo, é o cérebro; enquanto no caso do Saci é a metáfora, é a conexão neural da cultura. A impressão que tenho é a de que se algum dia a ortopedia e a neurologia da imaginação conseguirem um raio-x e um eletromiograma do Saci, provarão que o seu esqueleto tem duas pernas e que em ambas existe condução nervosa.

A racionalidade urbana aprisionou o Saci na jaula do folclore reduzindo sua perna invisível a um membro fantasma de amputação referendada pelo coto do nervo da tradição. E não me parece bem assim, pois enquanto na neurociência a imagem corporal se adapta com plasticidade aos avisos da experiência, fazendo com que o tempo seja determinante na perda de lugar do membro desaparecido no córtex sensitivo, na minha hipótese de neurocultura a preservação da perna invisível do Saci no mapa cortical da brasileirice tem sido uma prova de vitalidade das fantasias mais puras dos nossos quereres.

Fonte: Diário do Nordeste

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cadê o Luar do Sertão?

Reside em minha memória as palavras de muita gente modernosa reclamando da poeira que se acumula nos móveis da casa. Queixavam-se disso como se estivessem endereçando xingamentos a tudo que é passado, antigo. Ecoa nos meus ouvidos o choramingo infinito da faxina diária, um pó incessante que avança para dentro da alma dos utensílios domésticos. Afinal, tudo que foi fabricado nos últimos tempos, tudo que seja fruto de alta tecnologia, não suporta poeira.
No entanto, seria muito bom não perdermos de vista que poeira é terra em pó, ou melhor é a Terra em pó. Portanto, extremamente natural que haja poeira.
A poeira (para nós brasileiros) é o corpo exposto do planeta. Isso porque só há poeira onde não existe mais o manto protetor da terra: o verde. Assim, avistamos a telúrica carne do globo.
Como organismo social que somos hoje é importante sabermos que as canções nascem da nossa criatividade e do relacionamento com o mundo. E uma função das canções é devolver-nos a saudade ou alimentá-la com melodias e versos, contudo, sinto que falta para os violeiros atuais exporem a devastação e fazerem acusações contra o progresso poluidor. Parece-me que salvaguardar os avanços tecnológicos é uma obrigação ditada por lei. E aos violeiros restou apenas cantar saudades de um sertão preservado e límpido. Sertão que só nos é permitido preservá-lo na memória.
Por isso, devemos fazer valer uma outra função das canções: denunciar as ações humanas que provocam esse mal. No entanto, atitudes arrasadoras estão sendo propagadas como se fossem o único recurso plausível para o futuro. Assim, clamo pela atenção dos violeiros para que não se cansem de cantar a saudade do sertão, porém, aliem-se numa coluna crítica àquilo que está acontecendo atualmente e denunciem a clara substituição da poeira pela fumaça.
Gostaria de voltar a ver cada vez menos fumaça dentro da minha casa. Na verdade, eu queria a poeira de volta. Eu gostaria muito que as futuras gerações reaprendessem a conviver com o pó nos móveis, e depois a própria poeira baixasse devido à recuperação das matas. No entanto, parece que no futuro todos morarão em casas lacradas pelo concreto e, soprado por máquinas, o ar atravessará filtros cada vez mais avançados tecnologicamente para que possamos respirar e, com a ajuda do ar, cantar.
Será que a paisagem influi na composição da música? Se sim, então, entenderíamos a música da mídia: o engessamento das harmonias, a amarração de ferro das melodias, a cadência de britadeiras. Ou não?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Glossário do Dialeto Caipira

Cornélio Pires coletou palavras que pertencem ao dialeto do caipira aqui da nossa região, ou seja, região do rio Tietê e do Piracicaba. Para quem se interessar veja no site: http://www.widesoft.com.br/users/pcastro4/glosscp.htm

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

"O Povo Brasileiro" e o Brasil Caipira

Em seu último livro Darcy Ribeiro analisa a formação e o sentido do povo brasileiro. Uma versão "vídeo-documentário" que sintetiza as suas idéias está disponível na íntegra no YouTube.

Os três (3) vídeos analisam a contribuição da cultura caipira na caracterização do povo brasileiro:

Brasil Caipira - parte 1


Brasil Caipira - parte 2


Brasil Caipira - parte 3

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Mito de Ser Caipira

É claro que o mundo segue sua trajetória infindável rumo ao futuro. Isso todos sabemos. Sendo assim, fica fácil dizer que a cultura caipira é referência que se perde a cada dia no passado. No entanto, quando desejamos dizer algo (e dizemos) nem sempre usamos a palavra certa, aquela que mais corretamente iluminaria a idéia daquilo que foi dito por nós. É nessa tentativa de dizer o mundo e de nos dizer que ainda utilizamos a metáfora do caipira.
Quando gostaríamos de dizer que discordamos de passar horas e horas repetindo um movimento mecânico exigido por uma máquina, mas que se o dissermos seremos inevitavelmente despedidos por estarmos desacordados diante do processo produtivo de riquezas, dizemos outra coisa. Porque é evidente que precisamos trabalhar para nos manter estáveis no ambiente social e até mesmo no familiar. Então, o que dizemos? “’Tá estressado: vá pescar!”
Remetermos o nosso pensamento para uma pescaria que faremos no final de semana e discorrer indefinidamente com os amigos sobre as fisgadas que já disparamos em outras diz mais do que a atividade recreativa que alguns poucos vêem. Diz sobre uma fuga que quiséramos fosse eterna. Sentados na beira de um rio, recebendo os raios do Sol por todo o corpo, simplesmente olhando a água passar como um mantra de conforto e serenidade; ver os passarinhos que ora mergulham atrás de peixes, ora resvalam o bico inferior na superfície casta do remanso ou simplesmente banham-se na segurança da margem, é indescritivelmente melhor do que o ronco ou baques sincrônicos promovidos por engrenagens e motores.
Olhar as árvores nos variados tons de verdes e vê-las balouçando na maré do vento; vê-las também como uma paisagem idílica onde a vida é um sonho no qual a felicidade faz parte, sim! Ou aconchegar-se sob a sombra benfazeja de um bambuzal; ou ainda ouvir o roçar rítmico das folhas que nos faz redescobrir pensamentos e recordações boas que habitam em nós. Enfim, sentar-se à beira de um rio traz tanta impressão boa da vida que demoramos semanas para desgastá-las diante do volante ou de computadores.
Assim sendo, para quem leu Michel Foucault sabe que as palavras escondem ou pouco revelam o verdadeiro sentido daquilo que dizemos. E para quem não leu é isso mesmo: as palavras escondem ou pouco revelam o sentido que gostaríamos de ter dito. Dessa maneira, cultuar o caipira é dizer da nossa discordância com a produção de bens descartáveis; é dizer do descaramento com que o governo ou grupos empresariais tratam a preservação da natureza; é dizer da ignorância das pessoas que fazem a mídia; é dizer que não nos enfileirem na cultura de massa; é dizer que o trabalho é tão necessário quanto viver a vida; é dizer o que o Charles Chaplin disse: “Não sois máquinas: homens é que sois!”
Identificar-se com a cultura caipira abarca uma filosofia de vida. Vida que deveria ser vivida mais próxima à natureza, mais próxima à tradição, mais próxima de nós mesmos e não nos sentirmos na obrigação de conquistar (ou pelo menos comprar) o mundo. O signo caipira hoje é um mito. Talvez o mito de ser o último mensageiro da paz. Não só a paz bélica mas principalmente a paz que devemos semear em nós mesmos. Dizer-se caipira é dizer de sua consciência com o meio-ambiente, com a loucura do lucro a qualquer custo, do respeito às outras culturas mas da valorização e promoção daquela que tivemos e temos como berço. Ser caipira é descobrir um Brasil rico e talentosíssimo, capaz de promover um ambiente social mais tranqüilo e um roteiro econômico mais respeitador. Ser caipira é não crer no cyborg mas crer no homem que vive em harmonia com o mundo e com os outros homens e morre em harmonia com o ciclo da vida.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

João Pacífico: Poeta de Cordeirópolis

"Lá no mourão esquerdo da porteira" era o verso preferido de Guilherme de Almeida: "É o mourão do lado do coração; eu queria ter escrito esse verso". Foi Guilherme quem descobriu e lançou na carreira artística aquele auxiliar de lava-pratos de um vagão restaurante, da Estrada de Ferro Paulista. Em uma viagem, o poeta, que era diretor da Rádio Cruzeiro do Sul, ouviu o menino, também poeta, dizer um poema caboclo de sua autoria e o convidou para procurá-lo em São Paulo.Nascido em 5 de agosto de 1909 (registrado em 1910), filho de uma ex-escrava, Dona Domingas, e do maquinista José Batista da Silva, embora o nome do pai não conste do tardio registro de nascimento, João Baptista da Silva tocou sua infância na cidade onde nasceu, que à época se chamava Cordeiro, hoje Cordeirópolis.Atento à música, aos cantadores, aos violeiros, sentia a vocação de poeta crescer com ele. Jamais tocou um instrumento, mas sua musicalidade espantava. Procurou no trem as estradas da vida e teve sorte ao encontrar Guilherme de Almeida. Em São Paulo, onde chegou em 1924, o poeta o encaminhou. Fez amizade e parceria com Raul Torres, juntos viriam a criar clássicos da música popular brasileira. Seu jeito calmo e tranqüilo motivou o apelido, que virou segundo nome, João Pacífico.A primeira composição da dupla foi Seo João Nogueira, gravada por Torres e Aurora Miranda juntos, em 1934. No ano seguinte, Torres e Florêncio gravaram o imortal Chico Mulato (um segredo: na gravação original Florêncio não pôde comparecer e a segunda voz é do próprio João Pacífico). Daí para a frente centenas de composições e sucessos definitivos, como Cabocla Tereza, Pingo d'Água, Mourão da Porteira, Caco de Vidro, Doce de Cidra, por exemplo. Até sua morte, em São Paulo, em 30 de dezembro de 1998, aos 89 anos.
Arley PereiraA História da Música Brasileira Por Seus Autores e IntérpretesSESC/TV Cultura

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Amadeu Amaral

Aos interessados em cultura paulista, não deixar de ver no http://www.biblio.com.br/ ,no canal de autores, o capivariano AMADEU AMARAL e seu conto magnífico: A Pulseira de Ferro. É imperdível. Uma lição de vida e uma filosofia de como se posicionar diante do boato.
Este mesmo autor traz um estudo linguístico sobre a fala caipira que é simplesmente completo. Uma eterna referência.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cultura Caipira

Olá, pessoal. Este sítio virtual é para trocar com vocês, interessados na cultura caipira, algumas impressões e algumas obras que porventura venhamos a engenhar. Fiquem à vontade e vamos tentar esculpir um mármore bonito da cultura paulista que avança para o sul de minas, norte do Paraná, Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e Goiás. Tudo Fortemente!